sábado, 22 de agosto de 2015

À Mestre do Bacon







Acredito que uma das maiores dores do mundo, seja perder um amigo. É algo que mata aos poucos, te sufoca sem que você perceba. Em um minuto você está ok, no outro, joga-se ao chão procurando algo que faça a dor parar ou o mais óbvio, um por quê. Acredito que todos já sentiram essa dor na vida, e se você nunca perdeu aquela pessoa especial, seu melhor amigo, confidente, tranquilizador, não queira nunca sentir essa dor maldita. Ligue nesse exato momento para ele ou ela, e diga o quanto você ama e valoriza essa amizade.
(...)

Agora são duas e meia da manhã. Eu choro compulsivamente agarrada a meu único consolo, um urso gigante que já me viu passar por cada perrengue que não está nessas palavras. Eu não entendo ainda, aliás eu nunca entendo quando essas bombas caem sobre a minha cabeça. Por que a vida sempre só me escolhe? Sinto-me como se ainda estivesse no colégio quando sempre me escolhiam para jogar futebol, sabendo que eu não conseguia jogar e quase sempre errava tudo por ser canhota e  jogar pro lado errado.

Não entendo porque ela fez isso.

As memórias são metralhadas a todo segundo em uma guerra infindável. Relembro-me como ainda hoje à tarde falávamos sobre imagens com frases bobas e letras fofinhas, ou me zoávamos sobre como minhas habilidades culinárias se restringem a arroz e macarrão. E agora meu aplicativo de mensagens exibe um contato sem foto. Fui bloqueada, e a última mensagem, um seco “Adeus” recebido, depois de uma enorme discussão na qual eu só sabia olhar para tela do celular e ver tudo ruir e deslizar por entre meus dedos finos, como areia.

Sinto minha cabeça girar, enxergo o forro de meu quarto como um grande borrão por conta das lágrimas.

(...)

São quatro da manhã.

Acho que meus olhos – ou mesmo meu espírito – secaram.

Eu tenho que aceitar, ela se foi.

(...)

É difícil levantar pela manhã. E há pouco quando terminei de ler aquele livro que eu estava lendo há semanas, não tenho pra quem contar o quão ele realmente era bom. Vejo passar na TV aquele maldito filme que ela tanto me enchera para ver, mas que nunca vi porque eu dizia que estava sem tempo.

Passo os olhos pela estante e avisto o último livro que ela me devolveu, tão embalado pelo papel filme que toda vez sinto que ela o preparou para jogá-lo no fundo do mar e ainda sim conseguir tirá-lo de lá seco. “Idiota, as palavras não vão fugir.” – sempre me pego pensando.


Ela se foi.



(...)



Algumas semanas depois eu ainda estou aqui. Olhando para o maldito contato sem foto, atualizando as suas redes sociais rezando para que elas deixem de dar erro quando tento acessá-las, relendo aquele último e maldito adeus seco. Sem ainda um por quê. Sem ainda uma razão. Encaro meu reflexo no espelho, estou acabada. Olheiras fundas, cabelos desgrenhados, celular na mão, carregando um vazio no peito, aonde antes você estava.
Tudo dói. E não sei, se sei fazê-la parar.

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