sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um pouco dos meus medos






Olá.
            Bom, percebi que se não consigo escrever sobre nada, posso então escrever sobre meu monstro, quem sabe ajuda?
            Não sei se para outras pessoas que escrevem isso é tão forte quanto é para mim, talvez seja porque também me é um fantasma que está ali, a postos para me assombrar. Morro de medo de ter um bloqueio criativo e fico arrasada quando o mesmo volta e meia vem dar o ar de sua graça. E sim, caro leitor, isso existe, e se você escreve e agora está pensando que isso nunca aconteceu com você, direcione suas mãos aos céus e agradeça, eu não desejo que lhe atinja.
            Mas porque eu tenho medo ou fico arrasada? Fora os motivos óbvios de que eu fico totalmente me sentindo inútil, já passei três anos sem conseguir produzir nada, nem um texto, uma página com sequer um conto aleatório, sentia minhas redações insuficientes ou mesmo meras respostas mais trabalhadas para trabalhos, nada me enchia de orgulho. Era raro – e um motivo de grande comemoração – quando eu conseguia produzir alguma coisa que me fizesse parar, ler e dizer: Ok, isso é realmente um fruto meu e eu gosto.
            “Nossa, que drama.” – Pra quem vê de fora talvez seja. Mas, pessoa que está aí lendo isso, convivo com a escrita desde os meus doze anos, e, não que seja surpresa pra muita gente, é quem eu sou, parte de mim. E quando eu consegui vencer esse primeiro grande bloqueio, fiquei tão contente que precisei até arrumar algum meio de externar isso, criando portanto esta página que você está agora, o Caixa com Devaneios.
            É difícil para mim saber quem está aí acompanhando-me, quase não tenho retorno ainda, sei que tem pessoas que estão aqui toda vez que solto um texto novo, eu posso ver nas estatísticas daqui do blog, mas, quem está dando um voto de confiança pro meu conteúdo, deve ter percebido que sumi.
            “Ah, provavelmente foi só um fogo de palha, eu sabia que ela não ia levar adiante isso.” – deve ter passado na cabeça de alguém que eu bem sei. Quem dera. Todos os dias o que eu mais desejo é produzir um texto novo, abro o Word mil vezes, e passo meia hora encarando o teclado com uma dor dilacerante no peito, com os dedos pousados sobre as teclas.
Procuro ainda achar respostas do porquê que este mal as vezes me pega de jeito pelos pés. Cogitei várias coisas, mas no fim, acabo sempre tendo que pegar na mão do bom e velho tempo e aguardar pacientemente. Eu não desisti do blog, não desisti dos meus textos, não desisti de um dos projetos que tem me deixado mais feliz.
Estou rindo agora porque acho que consegui escrever algo aqui, e desejo de todo o meu coração que a tempestade tenha enfim passado e que eu consiga voltar a produzir sem mais tropeços.
Um beijo pra quem quiser, até o próximo.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Não há nada de errado em ser você.




Uma das coisas para qual eu nunca servi foi pra agradar terceiros. E olha que eu já tentei fazer isso muitas vezes, juro. “Como assim Mih?” – As pessoas tendem a selecionar demais quem as rodeiam e se você não gosta minimamente das mesmas coisas que elas ou não sabe falar sobre aquele gênero de música, você vai ser ignorado. Sim, vai sim. “Ah, você é fiel e leal, um excelente conselheiro, mas não curte dançar funk? Sai daqui.”. Perdi as contas de quantas vezes me forcei a escutar um cantor ou uma banda, sair mais a noite ou usar aquele estilo de roupas, a tal da moda “que todo mundo usa”, só pra ter mais amigos ou pra falarem mais comigo e me sentir inserida nos grupinhos da vida.
Preciso dizer que nem de longe deu certo?
O que me faz pensar é que se esse tipo de coisa aconteceu comigo durante toda a minha vida, com quantas mais não aconteceu? Eu parei de tentar mudar, mas quantos outros suprimiram seus gostos pra seguir acompanhando aquele grupo e ser intitulado um dos amigos? Talvez aquela menina ali gostasse de ouvir rap nacional, mas passou a ouvir sertanejo universitário porque se sentia deslocada. Talvez aquele outro cara curtisse seu estilo simples, mas agora anda como os MC’s porque é esse o estilo que todos os outros meninos seguem. Aquela menina que odeia ler até bula de remédio, mas que pediu todos os livros do catálogo pra pagar de leitora no Facebook. Poderia citar vários exemplos, mas acredito que vocês já entenderam onde eu quero chegar.
Provavelmente, se você botar isso em pauta com alguém “mais velho”, você receberá braços cruzados, uma risada e “Ah, mas isso passa. É só uma fase. Ele/Ela vai crescer e ver que isso era besteira.” – Ah, então você está me dizendo que é melhor deixar esses pequenos aí ao Deus dará e esperar que eles percebam tudo por si próprios? Que sofram mudando a si mesmos para serem aceitos? Eu não aceito isso, quero falar pra eles logo agora, e diminuir futuros danos. Queria eu, alguns anos atrás ter alguém que brigasse comigo, mas brigasse mesmo, pra que eu parasse com a besteira de me mudar pra ter amigos.
É bem comum você me pegar “dando bronca” em alguma menina nova cacheada, falando pra não ter medo do próprio cabelo, que não tem nenhum problema em seu cabelo ser cacheado, e que não é feio o seu cacho ser menorzinho sendo o daquela outra menina maior. O engraçado é que eu só falando de cabelo, que devia ser a coisa mais natural do mundo, já causa um baque, mas também não me espanto, já ouvi muito de “amigas” minhas que meu cabelo ficava tão mais bonito “assentado”. Agora imagine dizer pra uma menina, que você vê de longe que aquilo não é a praia dela, que ela não precisa rebolar até o chão pra ser desejada, você teria coragem? Não é mais fácil deixar tudo do jeito que tá? Eu não acho.
NÃO HÁ NENHUM PROBLEMA SER VOCÊ. Se você não gosta de sertanejo, não escute. Odeia ter que alisar o cabelo e ter que ficar se preocupando com a chuva, aceite seu cabelo. Se você não gosta de beber, não beba. Se você chora vendo filmes de menininha, chore vendo filmes de menininha. Odeia rock? Odeie e escute seu forró. Seu programa favorito do fim de semana é estar de pijama vendo vídeos no YouTube, que bom! Entenda, você vai achar quem goste das mesmas coisas que você, alguém que não suporte o cheiro de cerveja ou que odeie músicas internacionais porque não entende bulhufas. Seja feliz por quem és, por ter suas opções e por poder pensar por si só sobre o que gosta ou não.
Se você se achar muito estranho, posso te contar uma coisa legal. Eu também sou estranha. E há muitos outros por aí, jogando tudo pra cima e gritando aos sete ventos que não se muda pra agradar ninguém e ponto final.